(Dn 5.1,2,22-30)
INTRODUÇÃO
A história dos grandes impérios mundiais que existiram no passado é
marcada por três fases distintas: surgimento, apogeu e queda, ou seja,
eles surgiram, tiveram seu período de poder e domínio, mas, depois,
caíram.
No capítulo 5 do livro de Daniel
encontramos o registro da queda do império babilônico, onde a Bíblia
nos mostra, mais uma vez, a intervenção divina na história dos homens,
na ocasião em que o rei Belsazar fez um grande banquete e profanou os
utensílios do Templo de Jerusalém, que haviam sido levados para a
Babilônia, resultando na queda daquele grande império. Veremos nesta
lição quem era o rei Belsazar;
seu banquete profano e idólatra; sua
sentença escrita na parede; a queda do Império Babilônico; e uma
profecia sobre Ciro, o ungido de Deus.
I - QUEM ERA BELSAZAR
“O termo hebraico deriva-se do vocábulo babilônico “Bel-sar-usur” que
significa ‘o deus Bel protegeu o rei’, mas não devemos confundi-lo com
‘Beltessazar’, o nome babilônico que foi dado a Daniel (Dn 1.7).
Belsazar era filho de Nabonido, que era genro de Nabucodonosor, e que
reinou a Babilônia por 17 anos (de 556 a 539 a.C.). Logo, Belsazar era
neto de Nabucodonosor.
Em Dn 5.11,18 Nabucodonosor é chamado de seu
pai, mas isso significa apenas que ele pertencia à linhagem de
Nabucodonosor, atribuição comum nas antigas genealogias (Mt 1.1).
Seu pai, Nabonido, o colocou como seu co-regente e comandante do exército de Babilônia por volta de 550 a 539 a.C.”
(CHAMPLIN, 2004, p. 487 acréscimo nosso).
Foi por esta razão que ele prometeu colocar Daniel como o terceiro
dominador do reino (Dn 5.16), pois o primeiro era Nabonido e ele era o
segundo.
II - O BANQUETE DO REI BELSAZAR
O banquete
oferecido pelo rei Belsazar e a profanação dos utensílios do Templo de
Jerusalém, marcaram o fim do grande império Babilônico, como veremos a
seguir:
2.1 O banquete e a licenciosidade de Belsazar (Dn 5.1).
Era comum, desde os tempos antigos, os reis realizarem festas para
demonstração de domínio e poderio (Et 1.1-4).
Como a Babilônia era
uma cidade de opulência e luxúria, no palácio havia festas
constantemente. Tratava-se, na verdade, de uma festa cheia de
licenciosidade e bebedice.
Isto pode ser provado pela presença de vinho e de mulheres e concubinas na festa (Dn 5.1,2).
Além disso, a festa demonstra a insensatez do rei Belsazar. Enquanto
seu pai estava fora de Babilônia, defendendo o reino das forças dos
medos e dos persas, que ameaçavam dominar o mundo antigo, ele estava
ocupado com festas e orgias, banqueteando-se com seus súditos, sem se
preocupar o que poderia acontecer.
2.2 A profanação de Belsazar (Dn 5.2).
Como se não bastasse a luxúria e insensatez do rei Belsazar, ele também
tornou-se profano quando mandou buscar os utensílios do Templo de
Jerusalém, levados por Nabucodonosor à Babilônia (II Rs 24.13; IICr
36.7; Ed 5.14; 6.5; Dn 1.2),
para embriagar-se com seus convidados, demonstrando total desrespeito com as coisas sagradas.
“Havendo Belsazar provado o vinho, mandou trazer os vasos de ouro e de
prata, que Nabucodonosor, seu pai, tinha tirado do templo que estava em
Jerusalém, para que bebessem neles o rei, os seus príncipes, as suas
mulheres e concubinas”
(Dn 5.2). Levar os utensílios do Templo para
Babilônia estava de acordo com os costumes de guerra, até porque eram
vasos de ouro e de prata, ou seja, valiosos.
Mas, retirá-los do depósito nacional para uma orgia, era sacrilégio, ou seja, uso indevido de objetos consagrados a Deus.
2.3 A idolatria do rei Belsazar (Dn 5.4). Como se não bastasse a
profanação, ou seja, a falta de respeito e reverência pelas coisas
consagradas a Deus, o rei Belsazar, juntamente com seus súditos,
tornaram a festa pagã e idólatra, dando louvores aos seus deuses:
“Beberam o vinho, e deram louvores aos deuses de ouro, de prata, de
bronze, de ferro, de madeira, e de pedra” (Dn 5.4).
Era uma forma de desafiar o Deus de Israel, tentando demonstrar a superioridade dos seus deuses. Mas,
Deus, que não se deixa escarnecer (Gl 6.7) demonstrou que tem o domínio
sobre os filhos dos homens (Dn 5.21). Belsazar ultrapassou a medida da
paciência divina e foi sentenciado por isso.
2.4 A sentença de Belsazar (Dn 5.5).
A Bíblia diz que “Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hb
10.31). No ato de sua profanação, Belsazar viu uma mão misteriosa
escrevendo uma sentença na parede do palácio real. A alegria provocada
pelo vinho, deu lugar ao pavor; e a euforia, ao desespero.
“Mudou-se então o semblante do rei, e os seus pensamentos o turbaram; as
juntas dos seus lombos se relaxaram, e os seus joelhos batiam um no
outro” (Dn 5.6). A sentença continha as seguintes palavras: MENE, MENE,
TEQUEL e PARSIM, que eram conhecidas e significam, portanto: “contado”,
“pesado” e “dividido”. Mas, isoladas como estavam, ninguém sabia o que
elas comunicavam.
Nenhum astrólogo, caldeu ou adivinho pôde interpretá-las. Mas, Daniel, deu a exata interpretação (Dn 5.25-28). Vejamos:
MENE: Essa palavra aramaica poderia ser um verbo com o sentido de
“contado”, para indicar que a duração do reinado de Belsazar tinha sido
determinada por Deus, e estava prestes a terminar (Jr 50.18). Daniel a
interpretou da seguinte maneira: “Contou Deus o teu reino e o acabou”
(Dn 5.26);
TEQUEL: Esse vocábulo tem o sentido de “pesado”,
significando que Belsazar não estava à altura dos padrões divinos de
retidão. Diante da justiça divina esse reino não teve qualquer peso. A
interpretação dada por Daniel foi: “Pesado foste na balança e foste
achado em falta” (Dn 5.27).
PERES: Na escritura da parede apareceu o plural: PARSIM. Na interpretação, Daniel usou o singular PERES.
São palavras da língua aramaica, e significa: “Dividido foi o teu reino
e deu-se aos medos e aos persas” (Dn 5.28). Depois que Daniel
interpretou a escrita na parede, o rei Belsazar ordenou que o vestissem
de púrpura e o elevou ao cargo de terceiro dominador no reino (Dn 5.29).
À semelhança de Nabucodonosor, Belsazar honrou a Daniel (Dn 2.48), mas,
não honrou o Deus de Daniel (2.46,47).
III - A QUEDA DO IMPÉRIO BABILÔNICO
“O capítulo 5 do livro em apreço deve ser estudado à luz de Isaías
21.1-9, onde temos a profecia da queda de Babilônia, proferida por
Isaías cerca de 150 anos antes.
A menção do Elão e da Média (Is
21.2), apontam para a conquista de Babilônia por Ciro. Os capítulos 13 e
14 de Isaías acrescentam mais detalhes proféticos dessa queda de
Babilônia.
É assombroso o poder exclusivo do Todo-poderoso de
predizer o futuro, como no caso de Ciro, o conquistador de Babilônia,
que, através do profeta Isaías,
Deus o chamou pelo nome (Ciro), isto mais de um século e meio antes do seu nascimento (Is 44.28)”. (GILBERTO, 2010, p. 27).
3.1 A união dos medos e dos persas e a invasão da Babilônia. “Enquanto o
rei Belsazar estava se banqueteando com seus súditos, os medos e os
persas, que haviam se unido, cercaram a cidade de Babilônia.
Havia
um sentimento de segurança por parte do rei e dos habitantes da cidade,
porque seus muros eram largos e altos, e suas fortificações pareciam
intransponíveis.
A Média lutou sob Dario, e a Pérsia sob Ciro,
represou e canalizou as águas do rio Eufrates, deixando seco o seu
leito. Assim, os medos e os persas tomaram de surpresa a cidade que não
sofreu qualquer resistência” (CABRAL, 2014, p. 86 acréscimo nosso).
3.2 A soberania divina. Aquela noite foi a demonstração de que Deus, o
Todo poderoso, tem o centro do governo do mundo em suas mãos e que nada
escapa ao seu poder.
A queda do império babilônico não ocorreu
apenas por causa de uma estratégia de guerra do exércitos inimigos, mas,
uma clara demonstração do juízo divino e que o Todo Poderoso tem o
domínio sobre tudo e sobre todos (1Cr 29.11,12; Sl 10.16; 24.8; 29.10;
48.2; 115.3; 135.6; Dn 2.7; 4.17,35; 5.22-28; Is 55.11; Ap 19.16).
IV - CIRO, O UNGIDO DE DEUS
“Pelo menos duzentos anos antes de os persas surgirem no cenário
mundial, seu famoso rei já estava profetizado na Bíblia (Is 44.28;
45.1-4).
Acerca dessa interessante profecia, observa o Dr.
Scofield: ‘Este é o único caso em que a palavra ungido se aplica a um
gentio’. O uso da palavra ‘ungido’, em união com a expressão ‘meu
pastor’ (Is 44.28), que é também um título messiânico, assinala Ciro
como a assombrosa exceção de que um gentio seja tipo de Cristo. Os
pontos de comparação são os seguintes: ambos, Cristo e Ciro, são
conquistadores dos inimigos de Israel (Is 45.1; Ap 19.49-21); ambos
restauram a cidade santa (Is 44.28; Zc 14.11); por meio de ambos o nome
do único Deus verdadeiro é glorificado (Is 45.6; 1Co 15.28). Com Ciro
inaugurou-se uma nova política em relação aos povos conquistados.
Apesar da crueldade com que lidava com seus inimigos, Ciro tratou seus
súditos com consideração, conquistando-os como amigos. Por seu famoso
decreto, promulgado no segundo ano de seu governo, permitiu a volta de
todos os povos às suas próprias terras. (Ed 1.1-11).
Parece que, de
modo especial, o famoso imperador dos persas favoreceu os judeus,
concedendo-lhes generosa ajuda.” (ALMEIDA, p. 50).
CONCLUSÃO
Os registros bíblico e histórico acerca da queda da Babilônia
demonstram claramente que “… o Altíssimo tem domínio sobre os reinos dos
homens e a quem quer constitui sobre eles” (Dn 5.21). Por causa da
profanação e idolatria do rei Belsazar, a Babilônia caiu, cumprindo-se,
então, a profecia do sonho do rei Nabucodonosor, e interpretada pelo
profeta Daniel: “E, depois de ti, se levantará outro reino…” (Dn 2.39).
Assim terminou o magnífico império babilônico (a cabeça de ouro da
estátua), e teve início o império medo-persa, representado pelos dois
braços e peito de prata.
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