I – INTRODUÇÃO:
Malaquias testifica o triste fato do fracasso de Israel. Ele apresenta o quadro de um povo religioso externamente, mas interiormente indiferente e falso, um povo para o qual o culto a Jeová se transformou em formalismo vazio, desempenhado por um sacerdócio corrupto que não o respeitava.
II – PEQUENO ESBOÇO DO LIVRO DE MALAQUIAS:
Capítulo 1:
Ingratidão de Israel – Ml 1.1-5.
A negligência de Israel para com as instituições de Deus – Ml 1.6-14.
Capítulo 2:
Os sacerdotes são repreendidos por rejeitar o pacto –Ml 2.1-9.
O povo é reprovado por seus maus costumes – Ml 2.10-17.
Capítulo 3:
A vinda de Cristo – Ml 3.1-6.
Os judeus são reprovados por suas corrupções – Ml 3.13-18.
O cuidado de Deus por Seu povo; a distinção entre o justo e o ímpio – Ml 3.13-18
Capítulo 4:
O juízo dos ímpios e a felicidade dos justos – Ml 4.1-3.
Consideração devida à lei; João Batista é prometido como o precursor do Messias – Ml 4.4-6.
III - POR QUE LER ESSE LIVRO?:
Malaquias põe um espelho diante de nós, ajudando-nos a avaliar o nosso relacionamento com o Deus vivo. Acreditamos que Ele nos ama? Ele recebe de nós amor e obediência sinceros? Ou estamos apenas “cumprindo o nosso dever”? As perguntas que Deus formulou a Israel penetram furtivamente por trás das nossas defesas e nos forçam a sair da rotina, reacendendo em nós a afeição por Ele.
IV - QUEM ESCREVEU O LIVRO?:
O nome Malaquias significa “Meu mensageiro”. Não se sabe ao certo se esse era de fato o nome do autor, ou se ele o utilizava como título, pois os profetas em geral eram chamados mensageiros do Senhor. Seja como for, esse profeta tinha nítida consciência de que Deus estava falando por meio dele.
V - QUANDO FOI ESCRITO?:
Em alguma data após 460 a.C., depois de Israel ter voltado do cativeiro babilônico, depois da reconstrução do templo de Jerusalém (516 a.C.) e depois de o culto ali ter-se reduzido a mera rotina.
VI - POR QUE FOI ESCRITO?:
Para combater o espírito de comodismo e a indiferença que tão facilmente dominam o povo de Deus.
Sob o ministério de Ageu e Zacarias, o povo estava disposto a reconhecer suas faltas e a corrigi-las, mas agora, endureceram-se tanto que negam insolentemente as acusações de Jeová – Ml 1.1-2; 2.17; 3.7.
Pior ainda: Muitos professam ceticismo quanto à existência de um Deus de juízo e outros perguntam se valerá a pena servir ao Senhor – Ml 2.17; 3.14-15.
O profeta Malaquias denunciou os mesmos males que existiam no tempo de Neemias – (Ne 13.10-12 comparar com Ml 3.8-10); (Ne 13.29 comparar com Ml 2.4-8); (Ne 13.23-27 comparar com Ml 2.10-16).
Qual raio de luz nesta cena escura, brilha a promessa da vinda do Messias, que chegará para libertar o resto dos fiéis e julgar a nação.
VII - O QUE SE DEVE BUSCAR EM MALAQUIAS:
Malaquias apresenta uma palavra da parte de Deus seguida por uma queixa do povo, a qual, por sua vez, é seguida por uma resposta de Deus. Observemos o fervor de Deus nessa troca de palavras. Deus nos ama com amor inexplicável e nos quer ver retribuindo esse amor mediante a fidelidade nos relacionamentos humanos, a integridade, a pureza e a justiça a favor dos debilitados da sociedade.
VIII – MENSAGENS NO LIVRO DE MALAQUIAS:
Na época de Malaquias, o povo estava vivendo um período de grande acomodação, pois já havia voltado do exílio na Babilônia há alguns anos e não havia, naquele momento, ameaça de outra invasão. Começou a surgir um declínio na vida espiritual da nação. A religião era apenas uma prática fria e formal. Os líderes religiosos não davam exemplo de santidade. A lei não estava sendo obedecida. Mas o Senhor Deus envia Seu mensageiro com uma mensagem extremamente apropriada para aquele povo e para nós também.
(1) – MENSAGENS AOS REBELDES – Ml 1.1 – 3.15):
(1.1) – UMA MENSAGEM À NAÇÃO INTEIRA – Ml 1.1-5) – O povo pergunta de uma maneira insolente acerca do amor de Jeová para com eles, evidentemente pensando nas suas aflições anteriores, mas esquecendo-se de que os castigos do Todo-Poderoso visavam purificá-los.
Como prova de Seu amor para com a nação, o Senhor refere-se à eleição gratuita de seu pai, Jacó, e à rejeição de seu irmão, Esaú.
Edom foi rejeitado por Deus, e será desolado para sempre. Mas Israel, escolhido perpetuamente, viverá para ver a desolação de Edom e dar glória à graça e ao amor de Deus (Ml 1.4-5).
OBSERVAÇÃO:
Neste ponto, carecemos tomar muito cuidado para não cairmos nas ciladas da doutrina da predestinação. Esta doutrina, que a rigor é uma heresia muito fútil, tem causado enormes prejuízos ao reino de Deus.
No caso que ora estudamos, não podemos ser levados a pensar que o Senhor tenha predestinado Esaú ao ódio, e Jacó a uma vida de bem-aventuranças.
Pelo contrário, Deus não predestinara Esaú ao aborrecimento. Esaú, no entanto, por ser profano, foi aborrecido pelo Senhor – Hb 12.16.
Foi por causa do seu pecado que Esaú passou a ser aborrecido por Deus; e não em consequência de uma cega e cruel predestinação.
Podemos notar que a palavra “ABORRECER” não significa aborrecimento no sentido em que hoje a entendemos, mas se usa aqui no sentido de “REJEITAR”. Comparemos Lucas 14.26 e Mateus 10.37, onde a palavra “ABORRECER” significa “AMAR COM MENOR AFEIÇÃO”.
O mesmo podemos dizer acerca de Jacó. Não fora predestinado à bem-aventurança. Mas sua atitude diante das coisas de Deus, determinou-lhe a eleição.
Tomemos, pois, cuidado para não cairmos nas malhas desta heresia porque, universalmente, todos fomos predestinados à vida eterna. A eleição, entretanto, depende de aceitarmos ou não o plano de salvação estabelecido por Deus.
Para compreendermos devidamente esta verdade, basta-nos ler João 3.16. Nesta passagem bíblica, não está escrito que Deus amou apenas aos predestinados. Está registrado que Deus amou ao mundo e, de tal maneira o amou, que deu o Seu Filho Unigênito em nosso resgate.
(1.2) – MENSAGENS AOS SACERDOTES – Ml 1.6 – 2.9 – São os seguintes os pecados censurados:
(A) – FALTA DE REVERÊNCIA PARA COM O SENHOR – Ml 1.6 – Notemos o espírito de insensibilidade diante do pecado, revelado na resposta dos sacerdotes: - “EM QUE DESPREZAMOS NÓS O TEU NOME?”. A atitude manifesta-se em todas as respostas do povo e dos sacerdotes às repreensões de Jeová.
(B) – O OFERECIMENTO DE SACRIFÍCIOS DEFEITUOSOS – Ml 1.7-12 – Dario e os seus sucessores forneciam vítimas em abundância aos sacerdotes para os sacrifícios (Ed 6.8-10), mas ofereciam somente as piores. Ofereciam ao Senhor aquilo que não se atreviam a oferecer ao seu príncipe (Ml 1.8). Mas, embora sejam oferecidos sacrifícios imundos na Palestina, entre os pagãos há e haverá aqueles que foram à presença do Senhor com uma oferenda pura – Ml 1.11.
(C) – O DESEMPENHO DO CULTO A DEUS COM O ESPÍRITO DE INDIFERENÇA E DESCONTENTAMENTO – Ml 1.11-12 – Consideravam o culto a Deus enfadonho e o desonravam apresentando oferendas de menor valor.
(D) – A VIOLAÇÃO DO PACTO LEVÍTICO – Ml 2.1-9 – O Senhor menciona as qualidades que o pacto requeria do sacerdote, a saber, andar muito perto de Jeová, zelo para deixar a iniquidade, e habilidade para ensinar (Ml 2.5-7). De todas estas qualidades, o sacerdócio no tempo de Malaquias carecia muito – Ml 1.8.